Por Clara Ballena
“Matança Popular Brasileira”, curta experimental contendo 14 minutos de duração de Bianca Rêgo, traz um retrato cru e seco do Feminicídio Brasileiro através de 3 demarcações, que parecem ser projetos distintos porém mesclados em um único curta. Importante frisar que o curta pode apresentar gatilhos devido a sua temática central.
A proposta experimental consegue entregar o tema com facilidade, mostrando através de elementos intercortados, expor a brutalidade da violência contra a mulher a partir de 3 núcleos distintos: A primeira, com reportagens sobre casos de Feminicídio intercaladas com musicas populares brasileiras extremamente machistas (tendo uma clara referência ao jogo de palavras proposto ao titulo); A segunda, um conto narrado pela mãe da realizadora, sendo apresentado através de animações, sobre um relacionamento entre uma garota e sua madrasta, que acaba levando a morte de ambas; A terceira, e ultima, uma imagem rupestre apresentada em diferentes recortes, um ato de violência sexual.
A realismo apresentado consegue propor ao telespectador sentimentos variados entre raiva, choque e horror de reportagens televisivas e musicas, que repercutem em nosso cotidiano e que raramente são perceptíveis pela sua repetição e naturalização.
Sendo apresentado em sua sinopse como colagens, a uma clara percepção da proposta ao longo do curta, porém, o corte seco entre as diferentes propostas narrativas e o modo como a edição passa entre eles sem fluidez, cria-se um aspecto de divisão muito demarcada, entregando uma sensação de recortes temáticos sem ligação, mesmo estando no mesmo núcleo do tema principal.
“Matança Popular Brasileira” constrói-se na dura realidade do país, sendo uma forte coletânea de diferentes linearidades, trazendo um conteúdo artístico de alerta que mascara uma problemática que infelizmente, ainda esta longe de acabar.